A primeira edição do projeto Garotas Applicadas teve início com a realização de workshop para as meninas inscritas e seus familiares no último sábado, dia 03 de agosto, no campus Cristiano Machado do UniBH.
Os encontros do projeto acontecerão sempre aos sábados e são esperadas 40 participantes, alunas de escolas públicas de Belo Horizonte. Serão oferecidas aulas de programação, desenvolvimento pessoal, liderança, negócios e empreendedorismo para as adolescentes que tem como objetivo final desenvolver aplicativos para contribuir para a solução de problemas reais de suas comunidades. A equipe de instrutores será composta por voluntários e profissionais.
A Liga da Robótica (que oferece aulas de programação e robótica) e Esquadrão Quero-Quero (que ensina adolescentes a construírem miniplanadores) são outras iniciativas da Avec que deram elementos para a criação do Garotas Applicadas voltado especialmente para o público feminino. Marilia Vidigal, idealizadora do projeto, explica que a ideia nasceu a partir da pouca presença de meninas nos outros cursos proporcionados pela Associação. “Oferecemos atividades que são muito empolgantes. A gente trabalha com Lego, com computação, com tecnologias que são superatuais, mas não temos tanta presença de meninas. Não estamos satisfeitos com isso. Primeiro porque as mulheres precisam da tecnologia e a tecnologia é uma escolha de carreira possível. Além disso, a tecnologia significa emprego. Estamos num país que vive um desemprego de 13%, mas vagas na área de tecnologia sobram. E mesmo que não façam a opção de atuar numa área diretamente ligada à tecnologia, ela é uma ferramenta para o futuro. A ONU estima que 90% dos empregos do futuro vão precisar de alguma forma de tecnologia ”, explica Marília Vidigal.
Por cerca de 20 semanas as adolescentes participarão de encontros semanais, divididos em quatro blocos: apresentação do projeto, tecnologia e empreendedorismo (iniciação à programação, construção de aplicativos, marketing, noções de contabilidade, finanças pessoais, modelo do negócio e plano de negócios); ideação e autoconhecimento (o papel da mulher em nossa sociedade e como conciliar vida pessoal e vida profissional) e por fim, aspectos comportamentais e gestão de conflitos.
O engenheiro mecânico Giuliano Mendonça é um dos professores voluntários. Ele vai ensinar sobre empreendedorismo para as garotas do projeto. “Buscamos trazer para as meninas a ideia de criar uma atitude empreendedora, que é não se conformar com as coisas como estão, não se conformar com os problemas, aprender a ter a atitude de se mobilizar para sair da zona de conforto e mudar a própria vida. Temos um conteúdo voltado para ajudá-las a gerar ideias, analisar essas ideias e transformá-las em realidade”, explica.
Carmelita Vidigal, presidente da Avec, diz que os cursos que a associação oferece vêm atender a demanda de educação tecnológica que nem sempre é suprida pela rede pública de ensino. “A gente acredita que a educação tecnológica além de favorecer a inclusão de crianças e jovens no mundo digital, vai despertar o interesse na carreira científica e ajudá-los a adquirir ferramentas para estar presentes nesse mundo. A educação tecnológica é necessária”, reforça.
Garotas empoderadas
A educação tecnológica é vista como umas das portas para o empoderamento feminino. E este é um dos pontos relacionados a uma das finalidades da AVEC, que busca atender ao Objetivo do Desenvolvimento Sustentável nº 5 da ONU, que é justamente alcançar a igualdade de gênero. A aluna do curso, Leila Oliveira de Mendonça, 16 anos, quer trabalhar na área de tecnologia e defende que “as mulheres têm que conquistar esse espaço”.
Mulheres empreendedoras e que trabalham com inovação e tecnologia foram convidadas para compartilhar com as alunas e seus familiares suas experiências durante workshop realizando no último sábado (3/8), antecedendo o início das aulas. Uma das participantes, Ciranda de Morais, criadora da She’s Tech, movimento que visa fortalecer a presença feminina no setor da tecnologia, ressaltou a importância da autoestima feminina. “Quando foi que fazer as coisas como mulherzinha virou sinônimo de fraqueza? A gente quer, sim, fazer tudo como uma menina, como uma mulher porque é isso que somos e temos orgulho. Vamos acreditar no nosso potencial. Se a gente conseguir ajudar a nossa rua, o bairro, a escola, a cidade faremos a nossa parte com o poder individual de cada uma”, disse.
Além dela, participaram do workshop Luciana Maria Silva Lopes, chefe do Serviço de Biologia Celular da Fundação Ezequiel Dias e sócia-fundadora das startups OncoTag e CELLtype; Carolina Bigonha, fundadora da Hekima, empresa que desenvolve e aplica tecnologias de computação cognitiva; Yale de Paula Soares, do Sistema Mineiro de Inovação e a psicóloga Alane Michelini.